O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, voltou ontem, 02 de Novembro, a pedir apoio em armamento à União Europeia (UE) para combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
“Que o apoio a Moçambique não se limite apenas a (equipamento) não letal”, dada a necessidade de tornar robustas “as Forças de Defesa e Segurança para intervenção combativa”, pediu Nyusi, à margem da abertura da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, reunida na capital moçambicana por três dias.
O chefe de Estado pediu ainda que um apoio financeiro já atribuído pela UE para o apoio militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) seja também concedido ao Ruanda, que também apoia as tropas moçambicanas em Cabo Delgado – nomeadamente nas zonas para onde o país quer fazer regressar projetos de gás natural.
A UE anunciou no início de setembro a atribuição de 15 milhões de euros para a missão da SADC, nomeadamente para fortificações de campo e contentores de armazenamento, equipamento médico, veículos e barcos, assim como dispositivos tecnológicos.
Esta parcela complementa uma verba de 89 milhões de euros de financiamento às forças armadas de Moçambique destinada a equipar as unidades que estão a ser treinadas pela missão da UE no país.
O terrorismo é um dos temas na agenda da assembleia entre África, Caraíbas e Pacífico (ACP) e a UE, e o eurodeputado Carlos Zorrinho, copresidente da assembleia, já tinha anunciado no seu discurso que, sobre Cabo Delgado, a UE deverá dar mais passos no apoio a Moçambique, sem concretizar.
Questionado pelos jornalistas, o eurodeputado referiu que a entrega de armas letais “normalmente não está” no pacote de apoios da UE, “mas há muitas formas de ajudar e cooperar, sem que tenha de se fazer necessariamente esse fornecimento de armas”.
No entanto, “a decisão ainda não está tomada” e essa, a par do apoio ao Ruanda, são questões “em cima da mesa” e cuja desfecho “a seu tempo se saberá”.
Uma coisa parece certa, segundo Zorrinho: “Todos os sinais que tenho é que, sim, o apoio a Moçambique vai continuar a ser forte e a aumentar”.
A província de Cabo Delgado tem sido aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.