Um especialista do setor da energia defendeu que a crise energética na Europa está a acelerar o desenvolvimento da indústria do gás e a criar mais oportunidades para Angola e para os produtores de petróleo e gás da África Subsaariana.
Em entrevista à Lusa, Miguel Artacho, diretor de conferências internacionais da Energy Capital & Power, que organiza a conferência e exposição Angola Oil & Gas, destacou que a segurança energética ganhou importância crucial devido à guerra na Europa e advogou uma transição energética justa para África, onde “a fome mata mais do que o aquecimento global”.
A 3ª edição da Angola Oil & Gas acontece entre 29 de novembro e 1 de dezembro é organizada pela Energy Capital & Power, juntamente com parceiros como o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (Mirempet), Associação Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo, e traz a Luanda dezenas de especialistas, responsáveis das multinacionais mundiais e decisores políticos para debater o futuro desta indústria.
O responsável do evento realçou que este acontece numa altura muito importante para Angola, num contexto pós-pandemia e em que os preços do petróleo estão em alta, lembrando que o setor da energia que representa mais de 95% das exportações, continua a ser estratégico para a economia angolana, apesar da orientação do executivo para a diversificação económica.
Miguel Artacho frisou também que a crise da energia na Europa e as mudanças geopolíticas desencadeadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia estão a obrigar todos os países a reavaliar os seus ambiciosos objetivos face à transição energética.
“Países como a Alemanha, que era altamente dependente do gás natural russo, e outros como países da Europa de Leste, tiveram de despertar para as necessidades de diversificar as suas fontes de gás natural devido às sanções que foram impostas”, notou.
O que oferece oportunidade não só para Angola, um dos maiores produtores de petróleo da África Subsaariana que tem também em curso grandes projetos na área do gás, como o Angola LNG, mas também para outros produtores africanos como a Nigéria, Guiné Equatorial, República do Congo, que assistem a um renovado interesse nas suas capacidades para abastecer os mercados mundiais com gás natural.