Pela primeira vez em dez anos, a Netflix vê encolher o número de assinantes. A empresa de streaming diz que a quebra está associada ao corte do serviço na Rússia e ao aumento de preços nos mercados canadiano e norte-americano.
A Netflix encerrou o primeiro trimestre deste ano com menos 200 mil assinantes. Na terça-feira, depois de a empresa ter revelado este recuo, as ações perderam um quarto do seu valor, caindo para 262 dólares.
O lucro líquido dos últimos três meses foi de 1,6 mil milhões de dólares, demonstrando a queda de mais de seis por cento, quando comparado com o registo de 1,7 mil milhões arrecadado no mesmo período do ano anterior.
É a primeira vez no espaço de uma década que o principal serviço de streaming de televisão perdeu assinantes.
Não estamos a aumentar a receita tão rápido quanto gostaríamos”, disse a Netflix em carta aos acionistas. “A pandemia criou um cenário ilusório ao aumentar significativamente o nosso crescimento em 2020, levando-nos a acreditar que a maior parte da nossa expansão em 2021 se deveu à covid”, sublinhou.
No documento está também descrita a possibilidade de outros dois milhões de assinantes “saírem nos três meses até julho”.
A Netflix atribui esta desaceleração a várias causas, entre as quais a suspensão do serviço na Rússia, devido à invasão da Ucrânia. Só esta medida custou à empresa 700 mil assinantes. Os aumentos de preços nos EUA, Canadá e Reino Unido também se refletiu na interrupção da assinatura de mais 600 mil pessoas.
Partilha de códigos de acesso
Uma outra razão para a dificuldade de crescimento prende-se com a partilha indevida de senhas. Estima-se que mais de 100 milhões de residências estejam a quebrar as regras, partilhando códigos de visionamento.
Reed Hastings, diretor da Netflix, explicou: “Quando estávamos a crescer rapidamente, não era uma grande prioridade trabalhar no assunto de partilha de contas. Agora estamos focados em resolver isso”.
Para tirar partido dessas partilhas de serviço, a Netflix diz estar a desenvolver novas assinaturas que permitam, ao mesmo tempo, obter receitas e dar aos clientes a possibilidade de partilharem contas domésticas com familiares ou amigos.
Concorrência
A Netflix enfrenta também a intensa concorrência de titãs como a Apple, Disney e HBO. Durante os confinamentos pandémicos, houve uma grande procura de conteúdos televisivos. A América do Norte está “agora inundada com muitos serviços que custam poucos dólares”, dizem os analistas de media.