
A representante do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) em Angola, Rinko Kinoshita, alertou esta quarta-feira, em Luanda, para o défice de contraceptivos que o país enfrenta e defendeu a necessidade de se encontrarem soluções imediatas e de longo prazo para o problema.
A responsável falava na abertura do workshop sobre Planeamento Familiar e o Impacto das Alterações Climáticas na Saúde Sexual e Reprodutiva, promovido pela Assembleia Nacional.
Segundo a representante do UNFPA, Angola enfrenta escassez de suprimentos de contracetivos a nível nacional, devido às flutuações no financiamento global para a saúde sexual e reprodutiva.
“Temos que procurar uma solução imediata e também de longo prazo. O nosso compromisso é garantir que toda mulher, rapariga e jovem possam decidir sobre o seu próprio corpo e o seu futuro, com acesso permanente à informação e a serviços de saúde reprodutiva, sem deixar ninguém para trás”, afirmou Rinko Kinoshita.
De acordo com os dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde (IMS 2023/2024), apenas 15% das mulheres casadas ou em união utilizam métodos contracetivos modernos, número que desce para 8% nas zonas rurais e 6% entre adolescentes.
Apesar da redução da taxa de fecundidade para 4,8 filhos por mulher, Angola continua entre os países da África Austral com índices mais elevados, e 27% das adolescentes entre 15 e 19 anos já engravidaram pelo menos uma vez, sendo 43% em zonas rurais.
“Estes números não são apenas estatísticas, são histórias de desigualdade e barreiras que precisamos superar”, sublinhou a representante da ONU, defendendo que investir em saúde sexual e reprodutiva é investir no desenvolvimento, na educação das raparigas e na igualdade de género.
A responsável acrescentou que cada kwanza investido no planeamento familiar transforma vidas, reduz a mortalidade materna, aumenta a escolarização feminina e fortalece a resiliência das famílias.
Por sua vez, a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, reconheceu que o país ainda enfrenta desafios significativos na saúde sexual e reprodutiva, defendendo uma visão integrada que una políticas climáticas, saúde pública, proteção social e direitos humanos.
“Empoderar as mulheres e garantir-lhes acesso a serviços de saúde reprodutiva, educação e informação é uma das formas mais eficazes de reduzir vulnerabilidades e promover sociedades mais resilientes”, afirmou Carolina Cerqueira.