“O Senegal está a um passo de se tornar numa autocracia e isso abre a porta a um golpe de Estado”, afirmou Paul-Simon Handy, diretor regional do Instituto de Estudos de Segurança (ISS, na sigla em inglês).
O analista intervinha na videoconferência coorganizada pelo ISS, um `think-tank` baseado na África do Sul, pelo Instituto de Estudos de Paz e Segurança (IPSS, na sigla em inglês) e pela Amani África, `think-tank` com sede em Adis Abeba.
A videoconferência tinha como tema o debate sobre a forma como a União Africana (UA) lida com desafios e quais as respostas que dá, mas foi a situação no Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, que dominou as intervenções.
O Presidente senegalês, Macky Sall, decretou o adiamento das eleições presidenciais, que estavam marcadas para 25 deste mês, para 15 de dezembro, decisão que espoletou fortes protestos nas ruas, muitas vezes dispersos pela polícia, que utilizou gás lacrimogéneo e com dirigentes da oposição a apelarem à “desobediência civil”.
Paul-Simon Handy comparou as ditaduras militares em África e na Ásia e concluiu que, apesar das limitações das liberdades e garantias que aquele tipo de governação implica, pelo menos as asiáticas foram sempre mais bem-sucedidas que as congéneres africanas.
“As ditaduras militares em África não resolvem problemas e, pelo menos na Ásia, tiveram como resultado o desenvolvimento económico”, destacou.
Outro participante na videoconferência, Solomon Ayele Dersso, diretor da Amani África, alertou para a eventualidade de que o se está a passar no Senegal poder ser replicado noutros países do continente.
“O que se está a passar no Senegal deve ser encarado como um sinal do que se pode passar noutros países”, disse, destacando o Níger e o Gabão.
Ayele Dersso abordou ainda o que considera como “sinal da perda de falência das organizações regionais” africanas o recente anúncio pelo Níger, Mali e Burkina Faso da saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).