O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden vai anunciar hoje a criação de um novo monumento nacional em memória de Emmett Till, adolescente negro cujo assassínio em 1955 se tornou num momento de galvanização pelos direitos civis. Este acto simbólico faz parte da luta contra o ressurgimento do racismo, divulgou esta segunda-feira a Casa Branca.
O monumento homenageará este adolescente negro de 14 anos, que foi sequestrado, torturado e morto em 1955, no Estado do Mississippi. Natural de Chicago, o jovem estava de visita a familiares no Estado do sul dos EUA e foi acusado de assobiar para uma mulher branca.
Tendo sido sequestrado, o seu corpo mutilado foi encontrado 72 horas depois num rio. A sua mãe, Mamie Till-Mobley, tornou-se ativista do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e também será homenageada neste monumento.
Três locais históricos em Ilinois, no norte dos Estados Unidos, e Mississippi, formarão o memorial. Um destes será uma igreja em Chicago, onde Till-Mobley insistiu que o caixão do seu filho fosse deixado aberto, para que a enorme multidão pudesse ver o rosto desfigurado de Emmett Till.
Várias homenagens que assinalam o homicídio brutal, no local onde ocorreu, foram repetidamente vandalizados ao longo dos anos. O anúncio da Casa Branca ocorre no momento de uma polémica relacionada com Ron DeSantis, um dos favoritos à indicação republicana para a eleição presidencial de 2024.
O governador da Florida é acusado de querer minimizar certos aspetos racistas da história dos Estados Unidos nos livros escolares do seu Estado, alegando que está a lutar contra “o vírus” dos valores da esquerda. Na semana passada, Ron DeSantis sublinhou que a escravatura beneficiou os escravos de alguma forma. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, considerou estas declarações erróneas e insultuosas.
“É doloroso e não fornece um relato honesto da história do nosso país”, alertou. Karine Jean-Pierre destacou também que o memorial de Emmett Till retratará “a história da opressão sobre os negros americanos e a sua sobrevivência”.