O filme-documentário intitulado “Kwando”, do projecto de vida selvagem do Okavango, produzido pela National Geographic, estreou, esta terça-feira, em Luanda, em acto testemunhado pelo Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.
O documentário conta a história de um jovem angolano pescador chamado Elias Ngunga, que assombrado pelo seu passado de criança-soldado e incerto do seu futuro, se junta a uma equipa de cientistas internacionais para explorar um dos últimos rios (Kwando) inexplorados de Angola.
Por meio de dificuldades, descobertas científicas e do seu próprio interesse crescente por aves, o jovem encontra esperança em um novo futuro para sua terra natal, que envolve proteger essa paisagem magnífica para as gerações futuras.
O filme em língua portuguesa, dirigido pela cineasta Kaya Ensor, é a continuação do filme documentário “Into the Okavango” e oferece um olhar oportuno sobre a importância de proteger as cabeceiras angolanas do Delta do Okavango, uma das últimas áreas selvagens restantes do mundo.
À medida que a equipa navega na frágil paisagem e descobre novos conhecimentos científicos, Elias chega a um acordo com o seu passado como soldado-criança e ganha esperança para o futuro ambiental da sua pátria.
Durante o evento, a National Geographic Society assinou um acordo de difusão do filme com a TAAG e a Televisão Pública de Angola, que visa a divulgação do “Kwando” nos voos da companhia e no canal da televisão.
Com o documentário, que foi seleccionado para os festivais internacionais de cinema da Riviera e Friburgo, na Itália, pretende-se transmitir a urgência de se proteger a bacia do Okavango, bem como esperam que os espectadores se inspirem na determinação de Elias em preservar este paraíso natural em Angola.
A pesquisa da equipa de expedição mostrou que estes ecossistemas são saudáveis e cheios de biodiversidade, tendo o lado angolano do Cubango-Okavango sido um dos maiores santuários da vida selvagem em África, antes de uma guerra civil de quase três décadas.
“Kwando” faz parte da maior iniciativa de conservação do Okavango, em parceria com a Wild Bird Trust, para garantir uma protecção permanente para a grande Bacia do Cubango-Okavango, através da recolha regular de dados científicos, narrativa e envolvimento das comunidades.
Desde 2015 têm vindo a pesquisar e recolher dados científicos sobre o sistema hídrico do Cubango-Okavango e a trabalhar com as comunidades locais, governos de Angola, Namíbia e Botsuana e organizações não governamentais, para está garantir uma protecção permanente e sustentável para a grande bacia do rio Cubango-Okavango.
O rio Kwando nasce no planalto central de Angola, corre para sudeste, faz fronteira entre a Zâmbia, o seu leito é formado por ilhas e canais, com uma largura que varia entre cinco e dez quilómetros e tem 735 km de comprimento.
Quando termina essa fronteira, atravessa a faixa na direcção sudoeste, formando a fronteira daquela região da Namíbia com o Botswana, correndo primeiro para sudeste e depois para leste, onde vai desaguar no Zambeze.
A curva do rio é pantanosa e aí se encontram dois parques nacionais “Mudumo” e “Mamli”, ambos em território namibiano.