O Presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, que está nos Estados Unidos da América para a cimeira EUA/África, anunciou a decisão e o seu regresso antecipado ao país após a sua reunião com o seu homólogo norte-americano, Joe Biden.
A Presidência congolesa indicou na sua conta Twitter que o chefe de Estado “decidiu decretar luto nacional de três dias a partir desta quarta-feira, 14 de dezembro de 2022, e encurtar a sua viagem aos Estados Unidos para regressar a Kinshasa na quinta-feira, 15 de dezembro”.
“O chefe de Estado, que acompanha de hora a hora a evolução da situação, ordenou ao Governo, sob mandato do primeiro-ministro, Jean-Michel Sama Lukonde, que se encarregasse da situação das vítimas das inundações”, pode ler-se.
O vice-primeiro-ministro do Interior, Daniel Aselo, disse que os funerais seriam organizados por comuna e expressou as suas “mais profundas condolências a todas as famílias em luto” por causa das inundações, que começaram na segunda-feira à noite.
Além disso, Sama Lukonde confirmou o início dos trabalhos de reabilitação da estrada nacional 01, que foi cortada na comuna de Mont Ngafula, devido aos danos materiais causados pelas chuvas e deslizamentos de terra.
O presidente da câmara de Kinshasa, Gentiny Ngobila, apelou à população para “mostrar consciência coletiva da necessidade imperativa de respeitar as regras de planeamento urbano e evitar construir em áreas proibidas e não deitar terra nos rios e canais cuja função é permitir a drenagem da água da chuva”.
As inundações causaram importantes estragos materiais e submergiram, ao início da manhã de terça-feira, grandes ruas do centro da metrópole, que tem 15 milhões de habitantes.
Segundo as autoridades, as mortes ocorreram em diferentes quarteirões e bairros da cidade em particular nos declives onde as habitações foram destruídas por deslizes de terras.
Entre os mortos estão nove membros de uma família, entre os quais várias crianças, depois de a sua casa ter desabado em Ngaliema.
A chuva, que caiu em abundância durante a noite, paralisou a capital congolesa e provocou deslizes de terreno num bairro periférico que cortou a estrada nacional que liga ao oeste.
Esta estrada, essencial para o abastecimento da cidade, liga a capital ao porto fluvial de Matadi, entre Kinshasa e o Oceano Atlântico.
“Nunca se tinha visto uma inundação desta dimensão aqui”, declarou a um jornalista da agência France-Presse (AFP) um habitante de um dos quarteirões mais afetados de Kinshasa.
“As pessoas constroem grandes casas, o que tapa os canais e a água não passa. É a que causa as inundações”, afirmou, exigindo ao Estado que atuasse, “para que as casas construídas sobre os ribeiros fossem destruídas”.