O ministro da Defesa do Mali, Sadio Camara, um dos homens fortes da junta no poder, recebeu na quarta-feira à noite novo equipamento militar, incluindo dois helicópteros de combate entregues pela Rússia. A entrega do equipamento é o “fruto de uma parceria sincera e duradoura (Rússia-Mali)”, referiu o exército maliano, na sua página na internet.
Os coronéis que tomaram o poder pela força em agosto de 2020 neste país, no meio de uma crise de segurança, voltaram-se desde então para a Rússia e distanciaram-se da França, que está militarmente empenhada contra os terroristas desde 2013.
A França e os seus aliados europeus no agrupamento de forças especiais Takuba acabam de anunciar a sua retirada militar do Mali.
Até quarta-feira, a Rússia tinha entregado pelo menos quatro helicópteros e armas ao Mali, país que acolheu em grande número o que a junta apresenta como instrutores russos.
A França e os seus parceiros denunciam a alegada utilização pela junta dos serviços da decrépita empresa de segurança privada russa Wagner. A junta nega isto e fala de uma parceria de longa data com o exército russo.
O equipamento trazido por um avião de transporte russo e recebido na quarta-feira à noite na base militar do aeroporto de Bamako consiste em “helicópteros de combate, radares de última geração e muitos outros materiais necessários na luta contra o terrorismo e o extremismo”, disse o exército no seu website.
A agência AFP dá conta de pelo menos dois helicópteros e cinco camiões de transporte.
Entre o equipamento está um radar de 59N6-TE, disse o coronel Sadio Camara. “Este radar é capaz de detetar objetos 3D a voar a velocidades de até 8.000 km/h”, disse.
“Hoje podemos dizer com orgulho que o nosso exército nacional é capaz de operar autonomamente sem pedir ajuda a ninguém”, afirmou, referindo-se à dependência das forças malianas dos bens aéreos estrangeiros, nomeadamente franceses.
Não foi tornada pública qualquer informação sobre as condições em que o equipamento foi adquirido.
O ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, coronel Alou Boï Diarra, tinham feito uma visita discreta à Rússia no início de março, no meio da guerra na Ucrânia.
A entrega de equipamento adicional foi discutida, disseram na altura dois oficiais militares, falando sob anonimato.
O Mali foi um dos países que se abstiveram na votação das duas resoluções adotadas em março por esmagadora maioria pela Assembleia-Geral da ONU, exigindo que a Rússia suspendesse imediatamente as operações militares na Ucrânia.