“O Ministério da Educação entende que não deve contribuir para o aumento de tensões. Por isso, a distribuição do manual foi suspensa, reafirmando a nossa abertura para acolher contributos técnico-científicos”, lê-se no comunicado divulgado nesta segunda-feira.
O ministério acrescenta que a suspensão é “um gesto de abertura ao diálogo” e demonstra “moderação” na procura por “soluções abrangentes, desejando que a educação seja um fator de união”.
Além disso, referiu que “não adota uma postura dogmática, nem alimenta polémicas que desviem o foco do essencial: as reformas educativas e a melhoria contínua da qualidade do ensino”.
O ministério recordou que a introdução da disciplina no currículo do secundário visou criar condições para a oficialização da língua cabo-verdiana.
O manual foi lançado em fevereiro, em todas as 44 escolas secundárias do arquipélago e também está disponível em formato digital.
O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares exigiu a retirada imediata do manual e a destruição dos exemplares impressos, sublinhando que “não pode ser usado em nenhuma escola”, depois de ter apresentado queixa-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR), em julho.
José Luiz Tavares classificou o manual como “um crime contra a língua cabo-verdiana, um atentado grave e uma aberração linguística”, que, segundo referiu, “não respeita as regras científicas, nem a pluralidade do crioulo”.
A Constituição cabo-verdiana estabelece, desde 1999, que devem ser criadas condições para a oficialização do idioma materno em paridade com o português e o debate emerge regularmente no espaço público.
A língua materna tem variantes nas diferentes ilhas de Cabo Verde e nos últimos anos surgiram novas iniciativas da sociedade civil a apelar à oficialização.