
Mais de dez anos após a queda do Banco Espírito Santo (BES), começa esta segunda-feira, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o julgamento de Ricardo Salgado e Álvaro Sobrinho, entre outros arguidos, por crimes de abuso de confiança, burla qualificada e branqueamento de capitais.
Em causa está o alegado desvio de fundos, entre 2007 e 2012, no âmbito de financiamentos do BES ao BES Angola, através de linhas de crédito do Mercado Monetário Interbancário (MMI) e operações de descoberto bancário. Segundo o Ministério Público, os arguidos terão obtido vantagens ilícitas que ultrapassam os cinco mil milhões de euros e 210 milhões de dólares.
Álvaro Sobrinho, de 62 anos, antigo presidente do BESA, responde por 18 crimes de abuso de confiança agravado e cinco de branqueamento. Já Ricardo Salgado, de 80 anos e diagnosticado com Alzheimer, é acusado de cinco crimes de abuso de confiança e um de burla qualificada, tendo sido dispensado de comparecer ao julgamento devido ao seu estado de saúde.
No banco dos réus sentam-se ainda Amílcar Morais Pires, ex-braço-direito de Salgado, Rui Silveira, antigo administrador do BES, e o empresário luso-angolano Helder Bataglia, que será julgado à revelia, a seu pedido, por residir em Angola.
A defesa de Sobrinho contesta a acusação, alegando que esta está “repleta de imprecisões jurídicas e erros manifestos” e requer a participação por videoconferência, devido à validade limitada do visto que lhe foi concedido.
O processo, que pode prolongar-se até ao final do ano, marca mais um capítulo no longo percurso judicial em torno do colapso do BES, que faliu em 2014. O BESA viria a ser liquidado poucos meses depois, em outubro do mesmo ano.