Mapisa-Nqakula “enfrenta doze acusações de corrupção e uma de branqueamento de capitais”, disse ao tribunal o representante da Autoridade Nacional do Ministério Público da África do Sul (NPA), Bheki Manyathi.
Nosiviwe Mapisa-Nqakula foi hoje detida, depois de se dirigir à polícia no âmbito de uma investigação de corrupção sobre factos que remontam ao tempo em que era ministra da Defesa.
A presidente demissionária do Parlamento da África do Sul foi hoje acusada de 13 crimes de corrupção e branqueamento de capitais, num caso que ressurgiu a menos de dois meses de eleições cruciais para o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder.
A política, de 67 anos, nomeada para presidir ao parlamento em 2021 e membro do Comité Executivo Nacional do ANC, que governa o país desde o fim do apartheid, foi presente a um tribunal de Pretória ao meio-dia.
Algumas horas antes, tinha sido detida depois de se ter apresentado numa esquadra da polícia no sul de Pretória e afirmou o seu direito ao silêncio em tribunal.
Nosiviwe Mapisa-Nqakula é acusada de ter recebido somas avultadas de dinheiro de um empreiteiro militar quando era ministra da Defesa (2014-2021). O caso, que se arrasta há vários anos, ressurgiu no mês passado através de uma misteriosa testemunha de acusação.
A casa de Mapisa-Nqakula, situada numa zona abastada de Joanesburgo, foi alvo de buscas há pouco mais de duas semanas. Sob ameaça de detenção iminente na sequência da busca, a presidente demissionária do Parlamento apresentou um pedido de urgência para evitar a detenção, invocando provas “frágeis” contra si. No entanto, este pedido foi rejeitado pelos tribunais na terça-feira.
O juiz, de um tribunal de Pretória, sublinhou que um suspeito não pode “invocar a fraqueza das acusações apresentadas e impedir a sua detenção” e registou a “clemência” demonstrada pelas autoridades para com Mapisa-Nqakula, a quem foi dado tempo para organizar a sua defesa, em particular, após a busca.
A presidente do Parlamento apresentou a sua demissão na quarta-feira, afirmando que se demitia para preservar a integridade da instituição e para se concentrar no inquérito contra si.
“Dada a gravidade das acusações de alto nível que me são feitas, não posso continuar a exercer este cargo” no parlamento, explicou na sua carta de demissão, a que a agência AFP teve acesso.
A deputada insiste que a sua demissão “não constitui, de forma alguma, uma indicação ou admissão de culpa”, afirmando: “Mantenho a minha inocência e estou determinada a restaurar a minha reputação”.
Mapisa-Nqakula já se tinha colocado em “licença especial” no dia seguinte à busca na sua casa.
Este caso ocorre a menos de dois meses das eleições, que são particularmente arriscadas para o ANC, que está a perder popularidade devido, em particular, a uma imagem manchada por escândalos de corrupção e a um clima socioeconómico desfavorável.
Os sul-africanos vão às urnas em 29 de maio para renovar o parlamento, que elegerá o próximo Presidente. De acordo com as sondagens, o partido histórico corre o risco de perder a sua maioria absoluta pela primeira vez.