
Os eleitores da Côte d’Ivoire escolhem no sábado o novo Presidente da República, num pleito marcado por contestações, desinformação e receios de nova instabilidade pós-eleitoral.
Das 60 candidaturas apresentadas, apenas cinco foram aceites pelo Conselho Constitucional, incluindo a do atual Presidente, Alassane Ouattara, de 83 anos, no poder desde 2011 após o conflito pós-eleitoral de 2010-2011 que causou mais de 3.000 mortes.
Os principais opositores, Laurent Gbagbo e Tidjane Thiam, foram excluídos da corrida: o primeiro por uma condenação judicial de 2018 e o segundo por questões de nacionalidade. A decisão reforça a probabilidade de reeleição de Ouattara, líder da União dos Houphouëtistas pela Democracia e a Paz (RHDP), que procura um quarto mandato, considerado inconstitucional pela oposição.
O Conselho Constitucional, contudo, justificou em 2020 que a nova Constituição de 2016 reiniciou o limite de mandatos, permitindo-lhe recandidatar-se.
Entre os concorrentes estão os ex-ministros Jean-Louis Billon e Ahoua Don Mello, a ex-primeira-dama Simone Ehivet Gbagbo (Movimento das Gerações Capazes – MGC) e Henriette Lagou (RPC-PAIX).
A CEDEAO enviou uma missão de observação eleitoral, enquanto a Agência Nacional para a Segurança dos Sistemas de Informação (ANSSI) alertou para campanhas de desinformação originadas de contas falsas ligadas ao Burkina Faso e a juntas militares do Sahel.
Para combater a manipulação, foi lançada a campanha “Notícias falsas dividem, informações unem” em Abidjan. A campanha eleitoral começou a 10 de outubro, com 8,7 milhões de eleitores registados.
Manifestações recentes da oposição deixaram vários mortos e 237 detidos, segundo o Ministério do Interior. Apesar disso, analistas como Rinaldo Dapgne, do International Crisis Group (ICG), consideram o clima “mais calmo que em 2020”, quando as eleições provocaram 85 mortes.
Desde 1995, nenhuma eleição presidencial na Côte d’Ivoire resultou numa transição pacífica de poder. O país, com 32 milhões de habitantes, é o maior produtor mundial de cacau, responsável por 40% da produção global e 14% do PIB nacional, sendo também um dos pilares económicos da CEDEAO.