
O diretor-executivo da petrolífera italiana Eni, Claudio Descalzi, anunciou esta quinta-feira, em Maputo, que a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) no projeto Coral Norte terá início dentro de três anos, após a assinatura da Decisão Final de Investimento (FID) no valor de 7,2 mil milhões de dólares.
Com esta nova unidade flutuante de liquefação de gás, Moçambique deverá tornar-se o terceiro maior produtor de GNL em África, a seguir à Nigéria e à Argélia, duplicando a atual capacidade para sete milhões de toneladas por ano.
Plataforma flutuante reforça papel estratégico de Moçambique
A assinatura do FID contou com a presença do Presidente moçambicano, Daniel Chapo, e envolveu os parceiros da Área 4 da bacia do Rovuma: Eni, ENH, CNPC, Kogas e XRG. Segundo Descalzi, o Coral Norte é uma “réplica melhorada” da unidade Coral Sul, em operação desde 2022, e que já entregou mais de 120 cargas de GNL, contribuindo com 50% para o crescimento do PIB em 2023 e cerca de 70% em 2024.
“O Coral Norte vai expandir ainda mais estes benefícios, demonstrando que o GNL flutuante é uma solução rápida, competitiva e fiável”, afirmou o responsável da Eni, garantindo que o projeto representa “um compromisso” com Moçambique.
De acordo com projeções da Eni, o Coral Norte deverá gerar 23 mil milhões de dólares (20,1 mil milhões de euros) em receitas fiscais para Moçambique ao longo de 30 anos, duplicar os postos de trabalho criados pela primeira plataforma e assegurar três mil milhões de dólares (2,56 mil milhões de euros) em contratos com empresas locais.
O acordo prevê ainda a disponibilização de 25% do gás natural para o mercado doméstico e 100% do condensado para produção de energia, medida que visa impulsionar a industrialização do país.
Além do Coral Sul e do Coral Norte, Moçambique conta com outros dois megaprojetos aprovados para exploração do gás da bacia do Rovuma, classificados entre os maiores do mundo: o da TotalEnergies (13 mtpa), atualmente em fase de retoma após suspensão devido à insegurança em Cabo Delgado, e o da ExxonMobil (18 mtpa), que aguarda decisão final de investimento.
“Há cinco ou seis anos todos diziam que era impossível. Hoje estamos no segundo desenvolvimento de GNL flutuante em águas ultraprofundas, e ambos estão em Moçambique”, concluiu Descalzi.