
O Acordo Comercial AGOA, que garantia acesso preferencial dos países da África Subsaariana ao mercado dos Estados Unidos, expirou na noite de terça-feira, apesar das propostas para a sua renovação no Congresso norte-americano.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) alertou que, sem a prorrogação, dezenas de países africanos poderão enfrentar aumentos tarifários significativos, com impacto direto na diversificação das exportações e nos esforços de industrialização do continente.
Criado em 2000, o AGOA abrangia 32 países africanos e permitia a exportação de quase sete mil produtos para os EUA, desde bens agrícolas e manufaturas a têxteis e combustíveis.
A UNCTAD sublinha que economias mais dependentes da indústria ligeira, como Madagáscar e Lesoto, estão entre as mais vulneráveis ao fim do acordo. No caso do Lesoto, um terço das exportações está ligado ao AGOA, sobretudo no setor do vestuário, que emprega até 40 mil trabalhadores, maioritariamente mulheres.
Já países com exportações centradas em combustíveis e minerais, como Angola, Nigéria ou República Democrática do Congo, enfrentarão impacto reduzido, uma vez que as suas principais vendas externas estão sujeitas a tarifas baixas ou isenções.
Apesar do apoio bipartidário no Congresso norte-americano, a falta de renovação antes do prazo gera incerteza no continente africano. Enquanto isso, vários países mantêm negociações bilaterais com Washington para garantir alternativas comerciais, tema que esteve também em debate na recente reunião entre o Presidente queniano, William Ruto, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, à margem da Assembleia-Geral da ONU.