No quadro das reuniões da Assembleia Geral da ONU, o chefe de Estado da RCDongo, Félix Tshisekedi, referiu-se ao conflito no leste do país que envolve as milícias do Movimento 23 de Março (M23), apoiado pelo Ruanda.
Tshisekedi considera tratar-se de um “genocídio silencioso” com consequências que disse terem sido desastrosas: com “milhões de mortos”, famílias dizimadas, quase sete milhões de deslocados, povoações destruídas e ataques que visam mulheres e crianças.
A intervenção do Presidente congolês em Nova Iorque ocorreu após o anúncio do homólogo francês, Emmanuel Macron, de que Paris vai acolher uma conferência em outubro para tentar resolver o conflito no leste da República Democrática do Congo e implementar um plano humanitário.
A República Democrática do Congo, país vizinho de Angola, e o Ruanda assinaram um acordo de paz no final de junho, no qual se comprometeram a pôr fim às atividades de grupos armados como o M23 e as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FLDR), fundadas por extremistas hutus que fugiram do Ruanda após o genocídio de 1994.
O pacto foi assinado após o M23 ter capturado as capitais provinciais de Kivu do Norte e do Sul nos últimos meses, no quadro de uma ofensiva que provocou uma nova vaga de deslocados.
Na mesma declaração, o Presidente da RDC disse quem em várias regiões do leste do país verificam-se sinais de um “plano de extermínio”.
O Presidente congolês além de ter apelado à Assembleia Geral da ONU para que reconheça o genocídio congolês pediu ajuda para que se possa alcançar uma paz duradoura na região.
Félix Tshisekedi defendeu também o estabelecimento de um regime de sanções contra os autores de crimes económicos, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de genocídio cometidos no leste do país.
A RDCongo sugeriu o envolvimento da União Africana, das Nações Unidas dos Estados vizinhos, bem como de organizações da sociedade civil.
Tshisekedi exigiu ainda “a criação imediata de uma comissão internacional de inquérito independente e com recursos adequados para apurar a verdade, fazer justiça às vítimas e quebrar o ciclo que classificou de impunidade.