Durante um encontro com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, na Casa Branca, Donald Trump apresentou vídeos e artigos que alegadamente comprovavam um “genocídio branco” em curso na África do Sul. No entanto, as “provas” exibidas foram, em grande parte, desinformação, com imagens fora de contexto e material referente a outros países, como a República Democrática do Congo.
Trump mandou apagar as luzes da Sala Oval para exibir imagens de cruzes brancas alinhadas, que descreveu como sepulturas de agricultores brancos. No entanto, tratava-se de um memorial temporário erguido por Rob Hoatson em homenagem a dois agricultores assassinados na região de Newcastle, na África do Sul e não de um cemitério.
Entre os vídeos exibidos, Trump mostrou imagens do político sul-africano Julius Malema entoando cânticos radicais, como “morte ao agricultor”, alegando tratar-se de um membro do governo. Malema, no entanto, é um líder da oposição e já foi publicamente criticado por Ramaphosa.
Alguns dos artigos mostrados traziam imagens de conflitos na RDC, como uma foto da Reuters com cadáveres em sacos, tirada na cidade de Goma após confrontos entre o exército e rebeldes do M23, sendo falsamente apresentada como prova de violência contra agricultores sul-africanos.
Ramaphosa manteve um tom calmo e rejeitou as alegações, afirmando que o país aprendeu com Nelson Mandela a resolver divergências pelo diálogo. Para reforçar sua posição, levou à reunião dois golfistas sul-africanos brancos, Ernie Els e Retief Goosen sabendo do apreço de Trump pelo golfe e o ministro da Agricultura, também branco, que negou qualquer êxodo de agricultores.
Apesar disso, em maio, os EUA concederam estatuto de refugiado a 59 sul-africanos brancos, alegando perseguição e discriminação. O governo sul-africano rejeitou a acusação e afirmou que não havia qualquer fundamento para a concessão desse estatuto.
