
Um novo estudo da Universidade de Oxford revela que os chimpanzés partilham com os humanos mais semelhanças do que se pensava, inclusive nos hábitos de higiene e cuidados de saúde. A investigação, publicada na revista Frontiers in Ecology and Evolution, observou comportamentos surpreendentes em duas comunidades de chimpanzés da floresta de Budongo, no Uganda.
Durante o estudo, os cientistas documentaram 23 casos de autocuidado relacionados com ferimentos, como lamber feridas, esfregá-las com folhas, aplicar folhas mastigadas e pressioná-las com os dedos. Algumas das plantas utilizadas têm propriedades medicinais conhecidas, com efeitos cicatrizantes e antibacterianos.
“Algumas das plantas que os chimpanzés parecem querer aplicar nas suas próprias feridas têm propriedades cicatrizantes conhecidas e também propriedades bioativas relacionadas com a cicatrização de feridas ou com a prevenção de infeções”, explicou Elodie Freymann, uma das autoras do estudo, ao The Guardian.
Para além dos cuidados com feridas, os chimpanzés também demonstraram preocupações com a higiene íntima: usaram folhas para limpar os genitais após o sexo e depois de defecarem. Em pelo menos um caso observado, membros de um grupo ajudaram outro chimpanzé a limpar o pénis depois de uma relação sexual.
Estudos anteriores já tinham mostrado que chimpanzés utilizam insetos com propriedades medicinais para tratar ferimentos. Orangotangos também foram observados a aplicar seiva e folhas mastigadas em feridas, sugerindo que o uso de plantas para fins terapêuticos pode ser uma prática comum entre primatas.
“Nós, humanos, gostamos de pensar que somos únicos em muitas coisas. E, durante muito tempo, pensámos que os cuidados de saúde eram uma das áreas nas quais somos especiais”, afirmou Freymann. “Quanto mais encontrarmos casos de animais que se ajudam uns aos outros sem qualquer benefício imediato para si próprios, mais provas reunimos de que isso não é algo exclusivamente humano.”
O estudo reforça a ideia de que comportamentos empáticos e altruístas, muitas vezes considerados exclusivos da espécie humana, podem estar mais disseminados no reino animal do que se pensava.