
O Museu Powell-Cotton, localizado no sul de Inglaterra, está aberto a colaborações para estudar a vasta coleção de objetos culturais angolanos recolhidos no início do século XX por exploradores britânicos. A instituição procura restaurar e reinterpretar as peças, além de discutir a sua possível devolução.
A diretora das coleções do museu, Mady Beardmore, revelou que a coleção inclui cerca de cinco mil artefatos, além de centenas de fotografias e filmes captados durante expedições realizadas em 1936 e 1937. Entre os itens estão máscaras usadas em cerimónias de iniciação masculina, cuja importância espiritual ainda precisa ser melhor compreendida.
“Temos uma grande responsabilidade de tentar entender bem essa coleção e de tratá-la com respeito”, afirmou Beardmore à agência Lusa. Além do trabalho de restauro físico, o museu pretende colaborar com membros da comunidade e instituições culturais angolanas para aprofundar o conhecimento sobre as peças.
A responsável não exclui a possibilidade de repatriar alguns artefatos. “Estamos abertos a falar com as comunidades e a garantir que estas coleções sejam mais conhecidas no seu próprio país”, afirmou.
O Museu Powell-Cotton foi fundado em 1896 e abriga uma vasta coleção de objetos de África e da Ásia, coletados pelo explorador britânico Percy Powell-Cotton e suas filhas, Diana e Antoinette. A coleção angolana, em particular, foi adquirida durante as viagens das irmãs ao país, mas a catalogação das peças tem lacunas, dificultando a identificação de locais e pessoas retratadas nas fotografias da época.
A instituição tem atualmente um projeto de renovação e atualização das exposições, buscando contextualizar melhor os objetos expostos. Recentemente, inaugurou uma área dedicada à África Oriental, com um enfoque mais ético e rigoroso na apresentação das peças.
Com essa iniciativa, o museu espera lançar um diálogo mais aberto sobre a origem dos artefatos e o seu futuro, promovendo um maior envolvimento das comunidades de onde vieram.