Não poderia ter corrido pior a conversa pública entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Sala Oval, na Casa Branca, nesta sexta-feira, 28 de fevereiro.
Perante os jornalistas e as câmaras de televisão, os dois líderes escalaram o bate-boca até ao ponto de o presidente americano levantar bem alto a voz.
“Você está a brincar com a Terceira Guerra Mundial e o que está a fazer é muito desrespeitoso com o país, este país que o apoiou muito mais do que muitas pessoas dizem que deveria ter sido feito”, disse Trump, que afirmou que Zelensky “tem de estar agradecido”.
O vice-presidente JD Vance, também presente na Sala Oval, interveio e acusou igualmente Zelensky de “desrespeitar” os norte-americanos.
Trump ameaçou ainda Zelensky com a saída dos EUA do processo negocial. “Ou fazem um acordo ou estamos fora (…) Estamos a tentar resolver um problema. Não nos diga o que vamos sentir, porque não está em posição de ditar isso exactamente. Não está em posição de ditar o que vamos sentir.”
O presidente americano frisou que Zelensky “não está numa boa posição neste momento”.
“O seu país está metido em grandes problemas. Não está a ganhar. Tem uma boa hipótese de sair bem devido aos EUA”, disse Donald Trump, visivelmente irritado. “Demos-lhe, através daquele presidente estúpido, 350 mil milhões de dólares. (…) Sem o nosso equipamento militar, esta guerra teria terminado em duas semanas”, prosseguiu.
Pouco depois, Vance pediu a Volodymyr Zelensky para “dizer apenas obrigado”.
“Eu disse muitas vezes ‘obrigado’ ao povo americano”, respondeu Zelensky.
A conversa continuou a escalar daí em diante.
“Tem de estar agradecido. Não tem as cartas (…) O seu povo está a morrer, está a ficar sem soldados”, reiterou Trump. “Connosco, tem as cartas. Sem nós, não tem”.
Antes do descarrilamento da conversa, os dois presidentes trocaram palavras num tom morno, mas o presidente americano não evitou, desde logo, a polémica, ao dizer que é parte neutra no conflito. “Estou no meio, estou por ambos [Rússia e Ucrânia]. Quero isto resolvido”, referiu
Sobre o acordo dos minerais, que deveria ter sido assinado esta sexta-feira, mas acabou por não se materializar, Trump afirmou que “é muito justo” e um “grande compromisso” da parte dos americanos.
“Vamos pegar nas terras raras e utilizá-las em tudo o que fazemos, incluíndo na Inteligência Artificial e no armamento militar”, disse Trump.
Sobre o envio de armas para a Ucrânia, o presidente americano referiu que as entregas vão prosseguir, mas desejou que não se prolongassem por muito mais tempo.
“Não estamos ansiosos por enviar muitas armas, estamos ansiosos por acabar com a guerra. (…) Mas espero que não tenhamos de enviar muito, porque estou ansioso por terminar tudo rapidamente.”
Sem qualquer mostra de ironia, Donald Trump afirmou que quer ser lembrado como um “pacificador” devido aos seus esforços para terminar a guerra da Ucrânia.
“Espero ser recordado como um pacificador (…) Estou a fazer isto para salvar vidas, mais do que qualquer outra coisa. Em segundo lugar, é para poupar muito dinheiro, mas considero isso menos importante. Espero ser conhecido e reconhecido como pacificador”, disse o presidente dos EUA.
“Isto poderia levar a uma Terceira Guerra Mundial. Isto estava a ir na direcção errada”, completou.
Por sua vez, Volodymyr Zelensky, ainda antes da acesa discussão, disse pensar que Trump “está do lado da Ucrânia. O líder ucraniano acrescentou que quer discutir “o que os EUA estão prontos para fazer” e lembra que Vladimir Putin começou a guerra e “tem de pagar”.
Sobre o acordo dos minerais entre EUA e Ucrânia, que acabou por não ser assinado, Zelensky disse que “não é suficiente”. Ainda assim, o presidente ucraniano disse esperar que o documento fosse “um passo em frente”, e disse ver ainda uma boa oportunidade para um acordo relativo aos terminais de gás natural liquefeito (GNL).
Fonte: CNN Portugal