“Nos dias 24 e 25 [de outubro] deram entrada nos nossos serviços 24 pacientes vítimas das manifestações”, disse Dino Lopes, diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, durante uma conferência de imprensa.
O responsável avançou que, do total de 24 pacientes que deram entrada na maior unidade hospitalar do país nos dois dias de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, 14 já tiveram alta hospitalar.
“No contexto das manifestações, tivemos 10 internamentos nesses dois dias, sendo que dos 10 ainda temos uma senhora de 41 anos com um traumatismo crânio encefálico e que até então se encontra nos serviços de urgência, num estado muito crítico”, disse Dino Lopes.
O diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM acrescentou que os outros nove estão ainda internados nos diferentes serviços do hospital, com um quadro clínico estável.
Até agora, o Hospital Central de Maputo registou um cumulativo de 40 pacientes resultantes de confrontos entre a polícia e manifestantes em 21, 24 e 25 de outubro, os três dias em que ocorreram as manifestações pacíficas convocadas por Venâncio Mondlane.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirma não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.
Na quinta-feira, o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria”, e prometeu uma “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.
O anúncio dos resultados pela CNE voltou a desencadear violentos protestos e confrontos com a polícia em Moçambique, sobretudo em Maputo, por parte de manifestantes pró-Venâncio Mondlane.