“Devido aos golpes de Estado militares, que limitaram gravemente as possibilidades de ação na região do Sahel, as embaixadas no Burkina Faso e no Mali serão encerradas”, anunciou a diplomacia dinamarquesa através de um comunicado de imprensa.O Mali e o Burkina Faso, bem como o Níger, são governados por regimes militares que viraram as costas à França, a antiga potência colonial, assim como a várias instituições multilaterais, e que se aproximaram da Rússia.
Os militares tomaram o poder pela força no Mali em dois golpes de Estado sucessivos, em agosto de 2020 e em maio de 2021, inspirando outros golpes de Estado na região do Sahel, como no Burkina Faso no final de setembro de 2022, e no Níger, em julho de 2023.
A decisão de Copenhaga insere-se num contexto geral de deterioração das relações entre o Mali e os países europeus, tendo a junta militar maliana ordenado recentemente a expulsão do embaixador sueco em Bamaco.
A Suécia anunciou em junho o encerramento das suas embaixadas em Bamaco e na capital burquinabê, Ougadougou, até ao final deste ano, ao mesmo tempo que anunciou a abertura de uma embaixada em Dacar, no Senegal, de onde pretende “continuar a intervir na região de uma forma mais segura e eficaz”, de acordo com a sua diplomacia.
Entre os países escandinavos, também a Noruega havia já anunciado o encerramento da embaixada em Bamaco no final de 2023, por razões de segurança, sendo a Dinamarca o único que continuava com embaixada aberta no Mali até agora.
No âmbito de uma “nova estratégia de envolvimento com os países africanos”, Copenhaga irá abrir embaixadas no Senegal, seguindo o exemplo da Suécia, e ainda na Tunísia e no Ruanda. A Dinamarca já tem um escritório no Ruanda, que deverá passar a ter o estatuto de embaixada.
O país escandinavo pretende ainda reforçar o pessoal diplomático e os recursos das suas embaixadas no Egito, Quénia, África do Sul, Nigéria e Gana. Em 2026, as embaixadas existentes contarão com mais dez pessoas do que atualmente.
Copenhaga tenciona igualmente nomear um representante especial para as regiões dos Grandes Lagos e do Sahel.
“A nossa ambição é estarmos presentes onde faz sentido, onde vemos potencial e onde temos interesses dinamarqueses claros”, afirmou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP), o ministro dinamarquês dos Negócios Estrangeiros, Lars Løkke Rasmussen, em declarações à imprensa.
A nova estratégia centrar-se-á, em especial, no setor da água.
Nos próximos anos, a Dinamarca tenciona consagrar mais de mil milhões de coroas (134 milhões de euros) de ajuda a novas iniciativas bilaterais neste domínio. Só em 2025, será afetado um total de 425 milhões de coroas dinamarquesas.
Entre os outros setores do programa de intervenção em África, a Dinamarca destaca a migração, a segurança e intercâmbios culturais.