“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (o seu cão) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida do seu pai. Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. (…) A família pede gentilmente que respeitem a sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, diz o comunicado, citado pela AFP.
Figura central em mais de cinco décadas de constantes transformações do cinema francês, Delon deixa um legado de 122 filmes, 88 dos quais como ator, dois como realizador e 32 como produtor, numa carreira ligada a realizadores como Jean-Pierre Melville (“O Círculo Vermelho”, “O Silêncio de um Homem”), Luchino Visconti (“Rocco e os Seus Irmãos”, “O Leopardo”), René Clément (“Em Pleno Sol”) ou Louis Malle.
Em termos de prémios, desde a sua primeira aparição no grande ecrã, em 1957, Delon ganhou um César de Melhor Ator em 1985 por “A Nossa História”, de Bertrand Blier, o Urso de Honra no Festival de Cinema de Berlim em 1995 e o Prémio do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Em maio de 2019, obteve o seu reconhecimento mais notável, ao receber a Palma de Ouro honorária em Cannes.
“É um pouco uma homenagem póstuma, mas em vida”, declarou então o ator de “Plein soleil” (1960), o filme que lhe deu fama internacional, “Rocco et ses frères” (1960), “Le Guépard” (1963) e “La piscine” (1969).
De destacar ainda as suas oito colaborações com Jean-Paul Belmondo, falecido em 2021, tendo sido precisamente o fracasso do último destes filmes que marcou a sua retirada progressiva do ecrã. Desde então, Delon limitou-se a aparições esporádicas, afastando-se da ribalta.
Com raras aparições no cinema desde o final dos anos 90, o ator fez manchetes no verão de 2023, quando os seus três filhos apresentaram uma queixa contra a sua dama de companhia, por vezes descrita como sua companheira, por suspeitas de abuso de fraqueza. Seguiu-se uma batalha em torno das condições de saúde do ator, que sofria de vários problemas e teve um AVC em 2019.
Alain Delon passou os últimos anos da sua vida na sua propriedade de Douchy (Loiret), rodeada de muros altos e onde há muito planeava ser sepultado, não muito longe dos seus cães.