“O eleitorado indicou claramente nas urnas que, sem unidade, cooperação e parceria, os esforços para se erradicar o desemprego, a desigualdade e a pobreza não terão sucesso”, declarou.
Na sua intervenção, na Câmara Municipal da Cidade do Cabo, onde o parlamento permanece instalado há dois anos desde que um incêndio destruiu o edifício da Assembleia Nacional, o chefe de Estado sul-africano indicou que o novo Governo de Unidade Nacional (GNU) “terá um enfoque singular no crescimento económico”.
“Este crescimento deve capacitar os homens e mulheres negros”, frisou o líder da economia mais desenvolvida no continente, destacando a “capacitação” e a “transformação” de competências dos sul-africanos.
Ramaphosa reiterou as políticas de empoderamento económico negro do ANC, há trinta anos no poder na África do Sul, sem mencionar as razões atribuídas ao seu fracasso.
Segundo analistas, a maior crise da África do Sul é o desemprego e o fraco crescimento económico do país — a economia mais desenvolvida do continente -, em resultado das políticas da aliança tripartida do ANC, no poder desde 1994 juntamente com o Partido Comunista (SACP) e a confederação de sindicatos da África do Sul (COSATU).
Na primeira sessão do parlamento sul-africano desde as eleições gerais no passado mês de maio, Ramaphosa apontou ainda como prioridades do executivo de coligação para os próximos cinco anos várias reformas, nomeadamente da administração pública, do governo local, dos mercados energéticos, do setor de logística e da saúde, com a implementação de um novo serviço nacional de saúde (NHI, na sigla em inglês).
“Estas são exatamente as prioridades certas”, vincou.
Ramaphosa adiantou ainda como “prioridade estratégica” o combate da “pobreza” e do “elevado custo de vida”.
“O Governo de Unidade Nacional procurará alargar o cabaz de produtos alimentares essenciais isentos de IVA e rever (…) o preço dos combustíveis, identificando as áreas onde os preços podem ser reduzidos”, salientou.
Ramaphosa reiterou também que o seu executivo “continuará a combater a corrupção e a prevenir interferências políticas indevidas na administração do Estado”.
“Para combater o crime e a corrupção devemos ter agências de aplicação da lei capazes, sofisticadas e independentes que possam combater o crime complexo e organizado”, adiantou.
“Iremos implementar tecnologias modernas para ajudar no combate ao crime (…), continuaremos a combater crimes prioritários como a mineração ilegal, a violência de gangues, os assaltos armados a transportes de valores e a máfia da construção, através de unidades policiais especializadas”, indicou.
Ramaphosa foi obrigado a formar um Governo de coligação, denominado Governo de Unidade Nacional (GNU), com cerca de uma dezena de partidos da oposição, depois de o seu partido ter perdido pela primeira vez em 30 anos a maioria absoluta, com 40,18% dos votos nas eleições de 29 de maio.
O ANC, em declínio eleitoral desde 2016, obteve 159 lugares na Assembleia Nacional de 400 lugares.
O líder do ANC foi empossado para um segundo e último mandato de cinco anos como Presidente da África do Sul.