Um total de 31 réus (27 soldados e quatro mulheres civis, esposas de soldados) compareceram em flagrante delito perante o tribunal militar da guarnição de Butembo (Kivu do Norte), num tribunal móvel perto da linha da frente, na aldeia de Alimbongo.
Foram acusados de “fuga face ao inimigo”, “dissipação de munições de guerra”, “violação de ordens” e “roubo”, disse à agência France-Presse (AFP) o advogado de defesa Jules Muvweko.
No final do julgamento, que durou um dia, “25 soldados, incluindo dois capitães, foram condenados à morte”, disse Muvweko, anunciando a intenção da defesa de recorrer destas sentenças.
Os outros arguidos, incluindo as quatro mulheres, foram absolvidos por falta de provas, acrescentou.
Desde o final da semana passada, os rebeldes do M23 (“Movimento 23 de março”), apoiados pelo Ruanda, tomaram o controlo de várias cidades na frente norte do conflito, incluindo Kanyabayonga.
Situada a cerca de 100 quilómetros de Goma, a capital provincial do Kivu do Norte, Kanyabayonga é vista como uma eclusa que controla o acesso a norte às cidades de Butembo e Beni, redutos da grande tribo Nande e grandes centros comerciais do país.
Desde o final de 2021, o M23, uma rebelião congolesa de maioria tutsi, conquistou grandes extensões de território no Kivu do Norte com o apoio de unidades do exército ruandês, ao ponto de cercar quase completamente Goma.
A derrota do exército congolês e das suas milícias auxiliares face a este avanço rebelde levantou suspeitas entre as autoridades de que as forças de segurança tinham sido infiltradas.
Numerosos militares, incluindo oficiais superiores, deputados, senadores e empresários do Leste da RDCongo foram detidos e acusados de “cumplicidade com o inimigo”.
Em março, Kinshasa anunciou igualmente a sua decisão de levantar uma moratória sobre a execução da pena de morte, em vigor há mais de 20 anos no país.
Segundo o Governo, esta medida, muito criticada pelas organizações de defesa dos direitos humanos, visava nomeadamente os militares acusados de traição.
No início de maio, oito soldados congoleses, dos quais cinco oficiais, foram condenados à morte em Goma por “cobardia” e “fuga perante o inimigo”.