“Ainda há tempo para impedir a perfuração de petróleo num dos parques nacionais com maior biodiversidade da bacia do Congo?”, questionou a organização não-governamental (ONG) norte-americana Earth Insight num estudo realizado em colaboração com a Greenpeace África, que foi hoje divulgado.
Em fevereiro, a Greenpeace protestou contra a decisão do Governo congolês, tomada em janeiro, de conceder uma licença de exploração à China Oil Natural Gas Overseas Holding United no parque nacional de Conkouati-Douli, no sudoeste do país.
A Earth Insight salientou que este parque alberga espécies selvagens ameaçadas de extinção, como “gorilas nas planícies ocidentais, chimpanzés e elefantes na floresta”, bem como milhares de aldeões “cuja subsistência depende da floresta”.
No início de junho, uma dúzia de organizações da sociedade civil congolesa apelou, por sua vez, às autoridades para que retirassem a autorização, que, segundo elas, “é contrária aos numerosos compromissos internacionais assumidos pela República Popular do Congo e à lei sobre a vida selvagem e as zonas protegidas”.
Tanto estas ONG como a Greenpeace apelaram igualmente à suspensão do financiamento internacional – nomeadamente da Europa, em particular da França – para atividades de conservação no parque até que a autorização seja anulada.
O Governo congolês não reagiu a estes apelos e não respondeu às questões enviadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
No seu comunicado de imprensa, e com mapas para o apoiar, a Earth Insight insistiu que a exploração petrolífera nesta zona colocaria em perigo “a floresta tropical, as espécies ameaçadas e as comunidades locais que aí vivem há séculos”.
“O parque nacional de Conkouati-Douli, na fronteira com o Gabão, abriga mais de 5.000 quilómetros quadrados de ecossistemas costeiros, marítimos e florestais”, referiu a ONG.
A seguir à Amazónia, a bacia do Congo é o segundo maior pulmão florestal e ecológico do mundo, com cerca de 220 milhões de hectares de floresta espalhados por vários países, incluindo o Congo-Brazzaville, a República Democrática do Congo e o Gabão.