A África do Sul está num impasse eleitoral, depois de o ANC, que governa o país há 30 anos, ter perdido em cinco anos 17% do seu eleitorado e conseguido pouco mais de 40% nas eleições da semana passada, perdendo consequentemente a maioria no Parlamento sul-africano, de acordo com os resultados oficiais.
A porta-voz do ANC, Mahlengi Bhengu-Motsiri, disse hoje aos jornalistas que o partido manteve “conversações exploratórias” com a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), principal partido da oposição, os Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de extrema-esquerda, e três outros partidos mais pequenos.
A também deputada disse ainda que o ANC “tentou repetidamente” contactar o novo Partido MK, do antigo Presidente Jacob Zuma, mas não obteve até agora “nenhuma resposta positiva”.
Zuma, ex-presidente e antigo líder do ANC, virou as costas ao partido e tornou-se um crítico feroz do Presidente que o sucedeu, Cyril Ramaphosa, atual chefe de Estado e candidato do ANC à reeleição pelo Parlamento sul-africano, caso o partido consiga fechar nos próximos dias uma coligação ou acordo de governação (o prazo é de 14 dias após anúncio dos resultados).
O ANC tem enquadrado as discussões com outros partidos como uma tentativa de formar um governo de “unidade nacional” e uma coligação formal não é a única opção.
As opções do ANC podem passar por um acordo mais inclusivo, de espetro alargado, que junte não apenas os partidos que lhe garantam o número de deputados mínimo para eleger o futuro chefe de Estado.
Mas pode também tentar formar um governo minoritário, sendo que Bhengu-Motsiri admitiu mesmo que o ANC pode até considerar melhor opção tomar o seu lugar na bancada da oposição, se isso for o melhor para o país.