Três dos alegados envolvidos na tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo, incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, são detentores desde 2022 de uma empresa mineira com sede em Maputo.
Segundo documentos oficiais do registo da Bantu Mining Company na Conservatória do Registo de Entidades Legais de Maputo consultados pela Lusa, além de Christian Malanga, congolês no exílio — com passaporte emitido pelo Essuatíni (antiga Suazilândia) -, integram aquela sociedade, com operação em Matola, arredores da capital moçambicana, os norte-americanos Cole Patrick Ducey e Benjamin Reuben Zalman Polun.
Os três registaram ainda no Chimoio, província moçambicana de Manica, a Global Solutions Moçambique, de acordo a imprensa local moçambicana.
Dezenas de atacantes invadiram às primeiras horas de domingo as residências do Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, e do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Vital Kamerhe, numa tentativa de golpe de Estado, rapidamente travada pelo exército congolês.
A tentativa de golpe de Estado foi liderada pelo activista da diáspora congolesa nos Estados Unidos, Christian Malanga, morto pelas Forças Armadas da República Democrática do Congo, depois de invadir o Palácio da Nação, a residência presidencial.
Três norte-americanos alegadamente envolvidos no golpe, incluindo os dois sócios da Bantu Mining Company, foram capturadas pelo exército congolês.
Malanga chegou a publicar vários vídeos na sua página da rede social Facebook que mostravam um grupo de homens armados em uniforme militar no átrio e nos jardins do palácio.
“Desfrutem da libertação do nosso novo Zaíre”, gritou Malanga em inglês, enquanto os atacantes queimavam bandeiras da RDC e carregavam bandeiras do Zaíre, o antigo nome da RDC.
Homens armados invadiram também a residência de Kamerhe, causando pelo menos três mortos, entre os quais dois polícias encarregados da segurança do político e um dos atacantes.
Christian Malanga, que se intitulava comandante e usava frequentemente um uniforme militar, era bem conhecido nos círculos da diáspora congolesa nos EUA pelos seus discursos contra o poder.
Malanga liderou o movimento Novo Zaire e o Partido dos Congoleses Unidos, tendo declarado a intenção de se candidatar à Presidência da República.
Nascido em 1983 na então República do Zaire, Malanga cresceu na comuna de Ngaba, em Kinshasa, e viveu na África do Sul e na Suazilândia antes de se estabelecer nos Estados Unidos.