Com braços e pernas a descoberto, as modelos desfilaram à beira de uma piscina com criações da designer marroquina Yasmina Qanzal.
“Quando chegamos, percebemos que um desfile de fatos de banho na Arábia Saudita era um momento histórico, porque foi a primeira vez”, destacou Qanzal à agência France-Presse (AFP).
O desfile aconteceu no segundo dia da Red Sea Fashion Week, que está em estreia e decorre num grande hotel de luxo na ilha de Ummahat Alshaikh, na costa oeste da Arábia Saudita, acessível apenas por barco ou hidroavião.
Berço do wahhabismo, uma interpretação puritana do Islão, a Arábia Saudita lançou reformas sociais nos últimos anos, sob o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, aliviando as restrições impostas às mulheres e abrindo a sua economia ao entretenimento.
O maior exportador mundial de petróleo é há muito associado à repressão às mulheres devido às regras muito rigorosas que lhes são impostas, como a proibição de conduzir e a obrigação de usar a abaia, um vestido tradicional muçulmano que cobre as mulheres da cabeça aos pés.
Estas restrições foram levantadas há alguns anos, mas a lei do estatuto pessoal, que entrou em vigor em 2022, ainda inclui disposições discriminatórias contra as mulheres.
“É verdade que este país é muito conservador, mas tentámos mostrar fatos de banho elegantes que representassem o mundo árabe”, contou Qanzal.
“Esta é a primeira vez que um desfile de moda de praia acontece na Arábia Saudita, mas por que não? É possível e temos isso aqui”, realçou Shouq Mohammed, um influenciador de moda sírio, que compareceu no desfile.
Raphael Simacourbe, influenciador francês também presente, garantiu que o desfile foi “um grande sucesso” no contexto saudita.
“É muito corajoso da parte deles fazer isto atualmente, então estou muito feliz em participar”, apontou.