O Cairo exorta “as duas partes a mostrarem a flexibilidade necessária” para se obter um cessar-fogo em Gaza, acrescentou o responsável, citado pela agência de notícias francesa AFP a coberto do anonimato, assegurando que “o Egito “está a realizar esforços intensos e persistentes para chegar a um acordo de trégua” entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza.
Uma fonte do Hamas próxima desta matéria, igualmente falando sob o anonimato, também confirmou que o grupo islamita aceitou a nova ronda negocial, tendo por objetivo “um cessar-fogo, o fim da guerra e uma troca de prisioneiros”.
Na semana passada, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) tinha declarado que a nova trégua proposta previa uma pausa de seis semanas nos combates e uma troca de reféns e de prisioneiros, bem como um aumento da ajuda humanitária a Gaza. As conversações estão, desde então, ainda em curso.
Na terça-feira, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahman Al-Thani, declarou ter recebido uma resposta do Hamas “globalmente positiva” em relação ao “quadro geral do acordo sobre os reféns”.
Por seu lado, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicou que os serviços secretos externos do país (Mossad) estão a analisar a resposta do Hamas.
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, em digressão pela região do Médio Oriente, afirmou hoje em Jerusalém esperar um acordo sobre os reféns em cativeiro em Gaza, embora sublinhando ainda haver “muito trabalho” a fazer para aí chegar e para avançar quanto à entrega de ajuda humanitária àquele território palestiniano.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas — classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 132 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 124.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 27.500 mortos, 67.000 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 380 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 5.600 detenções.