“Em termos prospetivo, é necessária uma combinação de reformas para cumprir as metas orçamentais e da dívida, e assegurar a sustentabilidade e estabilidade, tal inclui a manutenção da disciplina orçamental, bem como a continuação da implementação de reformas orçamentais estruturais e de planos de diversificação”, afirmou Lemaire.
Em declarações à Lusa no seguimento da divulgação do relatório do FMI sobre a África subsaariana, no âmbito dos Encontros da Primavera do Fundo, este economista do departamento africano considerou que “Angola tem sido resiliente face aos choques externos e ao ciclo político” e acrescentou que a recuperação do crescimento económico no ano passado assenta no setor não petrolífero.
“A recuperação em 2022 foi impulsionada pelo forte desempenho generalizado do setor não petrolífero e pela recuperação do setor petrolífero, que recuperou, mas cresceu ao ritmo mais lento do que o previsto devido a operações de manutenção temporária no quarto trimestre”, segundo Thibault Lemaire.
Para o FMI, o crescimento médio de Angola nos próximos anos não vai passar dos 4%, devendo acelerar de 2,8%, em 2022, para 3,5%, este ano, e 3,7%, em 2024, ano em que a inflação deverá finalmente baixar para um dígito.
“Em fevereiro, a inflação atingiu o nível mais baixo em sete anos, impulsionada pela continuação do abrandamento do aumento dos produtos alimentares e por efeitos de base favoráveis”, disse o economista, prevendo que a inflação “continue a abrandar e chegue ao objetivo do Banco Nacional de Angola de um dígito até final de 2024”.
Depois do programa de financiamento ampliado, que terminou em dezembro de 2021, o FMI “mantêm-se em estreito contacto desde a conclusão do programa de financiamento ampliado, em dezembro de 2021, incluindo assistência técnica nas reformas orçamentais e operações de política monetária”, havendo ainda, conclui Thibault Lemaire, uma “missão de avaliação posterior ao programa de financiamento marcada para maio de 2023”.