“Hoje, não há lojas, fábricas, e escolas abertas, estão todas encerradas”, declarou Julius Malema, na capital sul-africana, Pretória, onde o Governo reforçou a segurança do palácio presidencial com o exército e a polícia em antecipação aos protestos.
“Hoje, a África do Sul está paralisada”, sublinhou Malema.
O político sul-africano falava na Church Square (Praça da Igreja), junto à estátua do antigo presidente Paul Kruger, no centro histórico da capital sul-africana, antes de avançar para o Union Buildings, sede do poder no país, acrescentando que “não será entregue um memorando” ao Governo sul-africano.
“Esta é a paralisação mais bem-sucedida da história das lutas [de libertação no país]”, vincou o líder das “boinas vermelhas”, como são conhecidos localmente os membros desta força política, que desde a semana passada colocou o país em “alerta máximo”.
Os partidos políticos Congresso Pan-Africanista da Azania (PAC); Movimento de Transformação Africana (ATM); o movimento Aliança da Transformação Económica Radical Africana (ARETA), do ex-membro expulso do ANC Carl Niehaus, e a Federação dos Sindicatos da África do Sul (SAFTU), são algumas das organizações que se juntaram aos protestos da esquerda radical sul-africana.
Pelo menos 3.400 militares do exército sul-africano (SANDF, na sigla em inglês) foram destacados desde domingo para apoiar a polícia perante os protestos de hoje convocados por Julius Malema, ex-líder da Juventude do ANC (Congresso Nacional Africano, no poder), entre 2008 e 2012.
O líder do partido EFF, a terceira principal força política no país, convocou os protestos contra os “cortes de eletricidade regulares” e uma economia em “colapso”, pedindo ainda a renúncia do Presidente, Cyril Ramaphosa, que é também presidente do ANC, no poder desde 1994 no país.
A concessionária de eletricidade sul-africana, a endividada Eskom, anunciou o cancelamento dos cortes regulares de eletricidade no país até ao final do dia hoje.
Pelo menos 87 pessoas foram presas na manhã de hoje na África do Sul por ações de violência pública relacionada com os protestos convocados por Julius Malema, anunciou a polícia sul-africana.